O chamado “futuro do trabalho” foi bastante discutido ao longo da pandemia. Com o passar do tempo, as previsões foram revistas e está ainda mais clara a imperativa necessidade do desenvolvimento de habilidades humanas, das chamadas soft skills ou habilidades comportamentais.
O que deve ser ponto de atenção para os líderes de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) é que essas habilidades estão mudando e farão a grande diferença entre os profissionais e para os resultados das organizações
De acordo com o Relatório de Aprendizagem no Local de Trabalho de 2022 do Linkedin:
- 81% dos executivos estão mudando suas políticas de local de trabalho para oferecer maior flexibilidade à sua força de colaboradores
- Das habilidades dos membros do Linkedin para a mesma ocupação, 25% mudou de 2015 a 2021. Nesse ritmo, a projeção de futuro prevê neste cenário é de que siga em evolução e atinja cerca de 40% até 2025.
- Globalmente, a proporção de membros que mudam de função aumentou 25% em outubro de 2021, em comparação com o período pré-pandemia em outubro de 2019
Os líderes de T&D, antes de tudo, devem entender que existem oportunidades e desafios por conta da aceleração da transformação digital e da lacuna de habilidades que ainda se faz presente na força de trabalho, especialmente em áreas como liderança, diversidade, equidade, inclusão e bem-estar.
A volatilidade dos negócios amplifica a necessidade dos líderes de T&D pensarem de forma holística para a construção de uma cultura baseada no aprendizado contínuo.
De acordo com dados da Glint, ter oportunidades de aprender e crescer é agora o fator número um para que as pessoas definam um ambiente de trabalho excepcional, com uma cultura que impacta fortemente o resultado dos negócios.
Antes da pandemia, a cultura de trabalho era moldada por interações pessoais: bate-papos no cafezinho, almoços, atividades fora do escritório etc. Quando a pandemia limitou essas interações, os fatores menos tangíveis da cultura de trabalho – oportunidades de crescimento, pertencimento e valores – tornaram-se muito mais importantes para os funcionários.
Diante desse cenário, o líder de T&D deve se movimentar para um maior alinhamento com a área de negócio, de forma a priorizar, dentre tantas demandas, treinamentos em liderança e gestão, upskilling e reskilling, transformação digital, diversidade, equidade e inclusão.
Notoriamente, levantamentos demonstram um aumento significativo em 2022 de programas de treinamento nessas áreas principais. Entretanto, um olhar mais crítico revela que ainda está longe do que as organizações e os profissionais precisam, especialmente quando fica claro o quanto essas habilidades são, cada vez mais, necessárias para criar o diferencial competitivo para ambos.
Desenvolver habilidades interpessoais no trabalho é fundamental por muitas razões. Uma pesquisa da Universidade de Michigan descobriu que os funcionários com treinamento em habilidades interpessoais são 12% mais produtivos do que aqueles sem essas habilidades. De acordo com a pesquisa, isso se traduz em um ROI de 256% para as empresas!
Desde 2016, um relatório Delloite, Global Human Capital Trends já apontava que 90% dos entrevistados classificaram as habilidades interpessoais como críticas para promover a retenção de funcionários, melhorar a liderança e construir uma cultura significativa.
Adicionalmente, as habilidades interpessoais no local de trabalho também ajudam as empresas a evitar custos. Porque quando faltam habilidades interpessoais, os líderes deixam de cumprir um dos seus papéis essenciais, extremamente relacionado a um direcionador do nível de engajamento do colaborador – Sentir-se um indivíduo valorizado.
A partir daí, o ciclo negativo parece só piorar. Se não me sinto um indivíduo valorizado, não sinto que pertenço a uma equipe vencedora, não sinto que o meu potencial está sendo explorado e, consequentemente, não me sinto inserido em um ambiente de confiança.
Neste contexto, avaliemos a pirâmide de Patrick Lencioni, publicada no livro “O 5 Desafios das Equipes: Uma História Sobre Liderança”:
Concluímos, adicionalmente, que a falta das habilidades interpessoais nos leva ao aumento do absenteísmo, baixo desempenho, mau atendimento ao cliente, trabalho de baixa qualidade e, eventualmente, diminuição do lucro.
De forma alguma queremos minimizar a importância do treinamento técnico, das hard skills, e sim, reforçar o grande desafio que os líderes de T&D possuem hoje para melhor atender suas áreas de negócio e a organização como um todo, buscando o desenvolvimento de líderes e colaboradores nas habilidades interpessoais.
Pela natureza dessas habilidades, torna-se ainda mais necessário um programa de treinamento contínuo, pois em sua maioria, exige mudança de paradigmas, o filtro através do qual as pessoas veem o que acontece ao seu redor.
Como disse Stephen R. Covey:
“Se você deseja pequenas mudanças, trabalhe seus comportamentos; se você deseja mudanças realmente significativas, trabalhe seus paradigmas.”
Autor:
Alexandre Barbosa
Embaixador do Squad Governança