Artigo Acessibilidade e investimento

Acessibilidade é investimento. É dignidade.

Não é raro encontrar locais sem a mínima acessibilidade: rampas, banheiro acessível, pessoas treinadas para atender pessoas com deficiência, com conhecimento em Libras, entre outras necessidades. Sem muito esforço, se ligar ou visitar restaurantes, instituições, prédios privados e públicos você irá perceber as dificuldades existentes.

Recentemente procurei um espaço para um encontro com professores de um projeto social que estou a frente e como na equipe tem um cadeirante, procurei um local que dispusesse de acessibilidade. Foram três semanas, quase que diariamente, listando e ligando para restaurantes e bares sem sucesso.

Os exemplos não param por aí. Visitei um restaurante próximo da minha residência e depois de fazer amizade com a proprietária, comentei que o lugar é muito bom, mas, que não havia acessibilidade, pois, na única entrada havia um degrau de grandes proporções. A resposta não poderia ter sido pior. Ela comentou que não precisava ajustar o ambiente, pois, não tinha clientes cadeirantes. Bem, parece óbvio que a acessibilidade vem antes e que existe aqui um descaso, falta de empatia e visão estratégica.

Fiquei bastante incomodado com as situações, o que me fez refletir que meu incômodo é pontual, mas, imaginem quem convive com a deficiência diariamente e necessita de tal recurso? É desumano.

Não bastasse a defasagem estrutural ainda encontramos a falta de consciência de pessoas que ainda insistem em parar em vagas de estacionamento destinadas para pessoas com deficiências ou ainda criticam a Lei de Cotas, classificando-a como uma dificuldade a mais ao empresariado.

No Brasil são 45 milhões de pessoas com deficiência, sendo que, apenas 1% está contratada formalmente, mesmo após a promulgação da Lei de Cotas, que completou 31 anos em julho. É um número muito baixo.

E onde está o problema? Na Lei de Cotas? No custo da acessibilidade ou excesso de regras? Certamente que não. Em todos estes cenários têm pessoas que precisam exercitar empatia. Preparar-se para receber pessoas com deficiência em suas organizações, sejam gestores ou colegas de trabalho.  

Vale ressaltar que muitas pessoas adquirem a deficiência ao longo da vida. São mais de 10.000 pessoas por ano, segundo o IBGE, por motivos diversos. A acessibilidade não serve somente para pessoas com deficiência, mas, para um idoso, uma gestante, uma pessoa com mobilidade reduzida temporariamente, então deve-se pensar enquanto sociedade e não individualmente.

Há algum tempo atrás atendi um cliente onde nossa missão era conscientizar os gestores sobre a inclusão de pessoas com deficiência e promover a acessibilidade. Notei que o presidente da empresa dava total apoio ao projeto, mas, ao mesmo tempo meu olhar observador notava uma empresa sem acessibilidade.

Pude perceber os motivos no discurso de abertura. A empresa nunca tinha pensado em acessibilidade, porém, após sofrer um acidente e precisar usar temporariamente cadeira de rodas, o presidente percebeu que não conseguia acessar diversos pontos da empresa, ou seja, precisou passar por uma situação delicada para valorizar a acessibilidade e iniciar o projeto.

Louvável sua atitude, mas, será que precisamos passar pela situação para compreender sua importância? Onde está a capacidade de empatia e respeito às diferenças?  Pesquisas demonstram que empresas que promovem a diversidade em seus estabelecimentos geram mais lucros. Até porque o cliente também é impactado.

E fica a dica: a pessoa vem antes da deficiência. Pessoas produzem. Pessoas compram. Pessoas interagem. Pessoas merecem dignidade, independente da deficiência e acessibilidade promove a dignidade. ACESSIBILIDADE É INVESTIMENTO.

Sobre o autor:
LUCIANO AMATO é CEO da Training People, empresa especializada em projetos de treinamentos e consultoria em temas como: Diversidade, Liderança, Educação Financeira, Excelência no atendimento ao cliente, entre outros; Fundador e Presidente do Instituto Bússola Jovem, projeto social com foco na inclusão, capacitação e orientação de carreira de jovens de baixa renda. Colunista da plataforma digital Cloud Coaching em temas de Excelência no atendimento ao cliente e Diversidade. Coautor do livro: Segredos de Sucesso Coordenador, Curador e autor do livro Diversidade e Inclusão e suas dimensões. Vice Presidente de Diversidade e Inclusão do HUBRH+ .

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