Não faz mais nenhum sentido reduzir o ser humano a um recurso. A nomenclatura reflete a forma de atuar.
Isso mesmo. Basta!
Começamos chamando o departamento que deveria cuidar das pessoas de recursos humanos e terminamos tratando os humanos como recursos.
Isso não é mais aceitável!
É inegável a contribuição de Taylor e Fayol para o desenvolvimento da administração moderna. A economia mundial e, consequentemente, o desenvolvimento da humanidade no último século se deve em parte ao trabalho realizado por eles.
Foram simplesmente brilhantes.
Porém, segundo o primeiro princípio da Tecno-Humanização:
Todo modelo, com o tempo, se deteriora e se distancia de sua finalidade inicial.
Por isso, vamos iniciar uma série de artigos sobre a estrutura organizacional atual.
O primeiro artigo da série fala sobre o departamento de Recursos Humanos.
O discurso que está na boca de todo executivo hoje é que precisamos inovar, fazer diferente, ser disruptivo, pensar fora da caixa (não gosto desta expressão).
O problema é que este discurso fica somente nisso, em uma declaração de intenções, as vezes por incompetência, outras por fazer parte do absurdo mise em scène corporativo onde se diz o que está na moda e se faz o que o bônus do trimestre manda. Sem se importar com o impacto gerado por nossas ações.
Mas a reflexão que me provoca esse discurso é que as empresas necessitam resultados diferentes, mas continuam fazendo as coisas da mesma forma que sempre foi feito.
Se Einstein levantasse a cabeça de seu túmulo, sentiria vergonha alheia e provavelmente diria:
“Senhoras e senhores, muitos de vocês usaram minhas frases em seus power points ou leram minhas frases em apresentações de outros, mas pelo jeito não assimilaram nada.
Principalmente à frase que disse que é insanidade continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.
Muito tem se falado sobre o RH 4.0, que ninguém sabe exatamente o que é, ou então vemos algumas escolas famosas oferecendo cursos de RH Digital… Tudo bem, mas que tal pararmos para pensar um pouquinho?
Não se trata de aprender a usar mais tecnologia para turbinar a ações de hoje.
Se muitos departamentos de recursos humanos têm participação discreta atualmente, não é a tecnologia que vai mudar este cenário e passar a dar relevância.
Não se humaniza uma empresa “digitalizando” o RH.
Recentemente, participei de um painel onde um dos painelistas comentou que possuíam uma solução de feedback e isso humanizava a empresa.
Tudo bem, tais soluções fazem parte do processo, são muito úteis e necessárias, mas ainda está longe de ser o ideal.
A Tecno-Humanização acredita que as palavras e as nomenclaturas são importantes, portanto, não podemos continuar chamando o departamento mais importante da empresa de recursos humanos.
Não faz sentido frequentar eventos que falam de propósito, dizer que a empresa é humanizada e colocar em seu cartão diretor ou diretora de recursos humanos.
Pessoas não são recursos, são seres humanos!
Outra coisa que mudamos é tirar o cargo de “diretor(a) de” e colocamos “responsável por”, não se trata apenas de uma questão semântica.
A preposição “de” indica uma representação institucional enquanto a preposição “por” ou suas variações “pelo ou pela” indicam um envolvimento direto, inclusive operativo, em sua área de responsabilidade.
Ser diretor(a) de recursos humanos é muito diferente de ser responsável pelo talento e cultura organizacional.
Vamos excluir desta discussão as atividades operacionais que são inerentes e necessários em ambos cenários. Vamos nos concentrar somente na visão estratégica.
Hoje, muitos departamentos de recursos humanos têm como prioridade treinamento, em alguns casos adestramento, medir o clima da empresa quando as coisas não vão bem e como tarefa mais árdua atualmente, buscar a forma de levantar a moral da tropa após processos de transformação digital.
Se o processo é bem-sucedido, deixa um clima pesado, de luto, pelas baixas causadas pela digitalização de processos e pelo estresse gerado pela mudança na forma de trabalhar em função da chegada de novas tecnologias.
Se o processo é malsucedido, além dos pontos anteriores, geram frustração e sensação de ameaça constante.
TI faz a transformação digital e RH sai recolhendo os cacos…
A prioridade da empresa é o resultado, e isso é inquestionável, porém o que a Tecno-Humanização preconiza é a forma como se busca este resultado e os meios utilizados.
A empresa atual coloca o resultado no centro, faz um planejamento estratégico, contrata profissionais pensando no perfil necessário, cria processos, enfim, faz tudo visando alcança-lo, e assim por diante.
Recursos humanos em muitas ocasiões, por não dizer na maioria delas, atuam de forma reativa, para dar suporte às áreas de negócio.
A Tecno-Humanização considera a área incumbida de cuidar de pessoas estratégica, elimina o Diretor(a) de Recursos Humanos e traz o Responsável pelo Talento e Cultura Organizacional.
Em nossa visão, pessoas não são um mal necessário como pensam, e demonstram, muitos empresários. Elas são o grande diferencial de uma empresa.
Desenvolver o ser humano, trabalhar o Mindset e a Humanização. Dado o seu papel estratégico, esta deve ser a prioridade do departamento de Talento e Cultura Organizacional.
A partir deste momento, mudar a forma das pessoas enxergam o negócio, seu trabalho e a forma que ele impacta o resultado da empresa, a sociedade e o meio ambiente, faz toda a diferença.
Trabalhar a inteligência emocional e o engajamento das pessoas ao propósito da empresa faz com que seja possível captar e engajar talentos, e os resultados mudam drasticamente de forma positiva.
A Tecno-Humanização inicia seus processos de transformação pelas pessoas e pela área responsável por Talento e Cultura Organizacional.
Transformação digital requer pessoas com mentalidade digital.
Organizações ágeis requerem pessoas com mentalidade ágil.
Organizações exponenciais requerem pessoas com mentalidade exponencial.
E assim por diante…
Não é possível transformar nada, se não transformarmos o Mindset das pessoas.
Algumas empresas, como a Malwee, tem sua CHRO Karina Vasques liderando o processo de transformação digital da empresa.
Novos tempos e nova economia requerem novos enfoques.
Fora diretor(a) de RH e o novo cargo de responsável pelo Talento e Cultura Organizacional deve, no mínimo, co-liderar os processos de transformação da organização.
Autor: Marcio Bueno
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