Como abordado no artigo A Força do Trabalho, a quantidade de mudança no mundo de hoje não tem precedentes. Acreditamos que essas mudanças continuarão ainda mais intensas e, claramente, afetarão também as habilidades necessárias para o exercício das atividades produtivas.
Nesse sentido, o objetivo desse artigo é mapear as principais habilidades de carreira que se farão necessárias na próxima década e, talvez, até antes disso. Em agosto deste ano, a Forbes publicou um artigo do Bernard Marr, autor do livro “Future Skills: The 20 Skills and Competencies Everyone Needs to Succeed in a Digital World”, listando as 10 habilidades de carreira mais importantes para os próximos dez anos.
Adicionalmente, o World Economic Forum, ainda em setembro, publicou uma série de estudos e artigos a respeito das habilidades já valorizadas e que serão ainda mais imprescindíveis no futuro, passando por empregos verdes, humanidade no trabalho, contratação baseada em habilidades (e não em diplomas e títulos), entre outros aspectos, que moldam a carreira de sucesso do futuro, mas também trazem um desafio significativo às organizações: preencherem as lacunas de habilidades para beneficiarem as empresas e a sociedade.
Em meio a tantas mudanças, a hora de se preparar para o futuro é agora! Por exemplo, para ter sucesso no mundo digital é preciso entender como a tecnologia impacta nosso mundo e que precisaremos cultivar soft skills para fazer o que as máquinas não podem.
De acordo com Bernard Marr, existem dez habilidades que serão procuradas pelos empregadores nos próximos dez anos. Entre elas, destaco o pensamento crítico, a inteligência emocional e a curiosidade e aprendizado contínuo.
O primeiro é determinante em uma época como a atual, tida como aera das fake news e da sobrecarga de informações. Nesse cenário, o pensamento crítico está no topo da lista das habilidades de carreira mais importantes para o sucesso. Pensar criticamente significa analisar questões e situações com base em evidências, em vez de levar em conta boatos, opiniões pessoais ou preconceitos. Quando você está praticando o pensamento crítico, você pode questionar a validade das evidências e descobrir o que é verdade e o que não é, em diversas situações.
Já a inteligência emocional é a capacidade de expressar e controlar nossas emoções. Uma pessoa emocionalmente inteligente está ciente de como suas emoções influenciam seus próprios comportamentos e afetam os outros ao seu redor, gerenciando esses sentimentos. A empatia – a capacidade de ver o mundo da perspectiva de outra pessoa – é um componente-chave da inteligência emocional.
Se eu fosse escolher apenas uma habilidade de carreira que acho que todos devem ter, seria a curiosidade e aprendizado contínuo. Seja qual for sua idade ou setor, adotar uma mentalidade de aprendizado contínuo é fundamental para ter sucesso. A curiosidade e a busca por aprendizado te ajudam a permanecer flexível e aceitar as mudanças, além de manter suas habilidades afiadas para que você possa acompanhar as principais mudanças que já estão ocorrendo. Quer se manter relevante para os empregadores e ter a melhor chance de ser bem-sucedido? Adote uma mentalidade de crescimento e desperte seu desejo de aprender.
Aqui, deixo uma provocação: qual universidade ou curso de pós-graduação ensina essas habilidades? Além disso, dados recentes do Linkedin mostram que os conjuntos de habilidades para empregos mudaram em cerca de 25% desde 2015. Até 2027, espera-se que esse número dobre! O CEO da rede focada em network profissional, Ryan Roslansky, afirmou recentemente que a plataforma ajudou mais de 400 mil empresas a promover a primeira contratação de habilidades em 2021. Agora, 40% dos contratados no LinkedIn estão usando dados de habilidades para encontrar talentos, o que representa um aumento de 20%.
Outro dado que pode compor a nossa reflexão é o do Instituto de Pesquisa em Economia Política da UMass Amherst, que afirma que cerca de nove milhões de empregos verdes serão criados na próxima década. Mas o que é um emprego verde? Em geral o termo se aplica a qualquer trabalho relacionado à produção de bens e entrega de serviços focados na conservação ou proteção de recursos naturais, ou na redução de seu uso.
Em resumo, na próxima década (e arrisco dizer, atualmente), o profissional precisa estar em constante aperfeiçoamento e, para tal, precisa se questionar e entender onde se quer chegar. Por isso, o autoconhecimento é, sem dúvida, o seu primeiro foco.
Utilizar a inteligência emocional, entendendo que as emoções são apenas sinalizadoras da importância dos acontecimentos e não devem direcionam nossas reações. Aprofundar o entendimento que podemos criar um espaço entre o que chega e como reagimos, utilizando a autoconsciência, consciência, capacidade de imaginar e de tomar nossas próprias decisões.
A partir daí, poderemos direcionar seu desenvolvimento para as habilidades digitais, pois a profusão de ferramentas de software e aplicativos nas organizações só vai aumentar. Embora oriundo da indústria de tecnologia da informação, fico abismado com a quantidade de novas soluções digitais que surgiram nos últimos dez anos.
Reconhecer que, cada vez mais, as empresas estão se reestruturando para obterem relevância e competitividade, levando a uma valorização da mobilidade dos trabalhadores, especialmente por conta da corrida global por talentos, seja em relação a um novo emprego, indústria ou país.
Compreender que a pandemia, em parceria com os avanços da tecnologia, acelerou o processo e transformou o trabalho remoto em um meio dos melhores talentos mudarem de empregos ou até mesmo terem mais de um emprego.
Enfim, acima de tudo, entender que a única forma de possuir um diferencial para sua carreira no futuro (e agora) é através do desenvolvimento contínuo das suas habilidades. Concentre seus pontos fortes e desenvolva-os ainda mais, sempre buscando a máxima coesão entre os seu propósito e o propósito da organização, ou organizações, para as quais você trabalha. A hora se preparar para o futuro é agora!