Nos dias atuais pensar nos efeitos e compromissos com o mundo é fundamental nas tomadas de decisões no ambiente corporativo seja qual for o setor. Falar de ESG (Environmental, Social e Governance), e conduzir os negócios de maneira socialmente responsável nunca foi tão importante como hoje.
O termo não é tão recente – foi citado no relatório Who Cares Wins, produzido pela UN Global Compact, Federal Department of Foreign Affairs Switzerland e a International Finance Corporation (IFC), em 2005 – mas entrou “na moda” somente nos últimos anos. O ESG está se inserindo em um contexto de profunda transformação cultural, econômica, tecnológica e socioambiental, e a sua adoção, ainda que diferente em algumas organizações seja inevitável.
Por meio das estratégias de negócios, grandes empresas têm assegurado compromisso com ESG e reforçado a adoção de práticas de sustentabilidade ambiental, inclusão social e governança em seu universo corporativo, e estão comprometidas em apoiar as principais áreas com as quais colaboradores, clientes, acionistas, fornecedores e comunidades mais se preocupam.
As relações corporativas estão se tornando relações com a sociedade. Os benefícios disso passam desde um ambiente corporativo mais diverso, inclusivo, justo e transparente, a melhoria da imagem e reputação da empresa, até uma maior lucratividade e valor de mercado. Investidores estão cada vez mais atentos ao analisar as companhias nos quesitos ambientais, sociais e de governança, ao invés de apenas analisar seus indicadores financeiros.
A sociedade também tem se mostrado cada vez mais preocupada com valores sociais e de governança. Com as recentes fraudes e escândalos de corrupção, passou-se a prezar mais pela transparência, ética, conduta corporativa e honestidade nos negócios.
Pautas ambientais e sociais ganham cada vez mais espaço na sociedade, desde a mídia local a conferências internacionais. Segundo o Google Trends, a procura pelo termo atingiu em 2021 o pico mais alto em 16 anos. O Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou pela sigla ESG nos últimos 12 meses e um dos 25 países no mundo que mais buscou pela temática no período. Em pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 95% das companhias brasileiras veem o tema de ESG como prioridade.
É preciso comprometer-se!
Diferente do que se pode pensar, o ESG não é apenas um conjunto de boas práticas, um checklist. Trata-se na verdade de uma cultura inclusiva, pautada em um compromisso diário, através de políticas internas de valorização da diversidade para todos os colaboradores. Para que o ESG de fato gere valor, e seja um diferencial competitivo, deve haver uma construção coletiva de propósito, repensar a cultura da empresa, manter o tema vivo, conectando as pessoas que devem estar convencidas do seu valor.
É um processo de gestão de mudança, de preparação da organização, sendo primordial a realização de ações de conscientização relacionadas ao ESG a todos os colaboradores. Isso facilita a implementação da estratégia e cria uma consciência coletiva sobre os benefícios que o ESG pode trazer para a empresa, para a sociedade e para o meio ambiente. Contar com os colaboradores contribui para que o projeto de ESG seja perene e que seus benefícios se perpetuem.
O papel de Recursos Humanos é parte fundamental neste aculturamento, estabelecendo metas e indicadores que impactem remuneração, meritocracia, equidade, igualdade e inclusão. Um sistema de educação com uma jornada mais inclusiva, entendendo a demografia e as necessidades específicas de desenvolvimento, como um pilar de crescimento também é importante.
Tais temas não podem ser apenas falados, é preciso colocar ações em prática!
Aí é que entra o RH como agente transformador dando o tom nas instituições, conscientizando da importância do ESG para a sociedade como um todo, apoiando no desenvolvimento de critérios que englobam melhorias na vida corporativa, em sociedade e no ambiente. A adoção de práticas ESG parece ser um caminho sem volta, e exige uma mudança de cultura em muitas instituições, e quem melhor para transformar a cultura de uma organização do que o RH.
O RH irá liderar essa mudança cultural em linha com os novos anseios da sociedade e para permitir que as formas clássicas de análise de investimento se realizem sob essa nova perspectiva, o que será um fator decisivo para clientes, e consequentemente uma grande vantagem competitiva para as Empresas.
Sobre a autora:
Raquel Sobrinho – Embaixadora squad de Compliance e Boas Práticas